Aqui estou eu novamente para falar de dor... Com a perda da minha princesa, eu achava sinceramente que havia conhecido a pior dor, que eu poderia passar por qualquer perda que não sofreria como sofri pela perda da minha filhinha. Engano... puro engano.
Já é do conhecimento de muitos, que 09 meses após a perda da Mayte eu engravidei novamente, confesso que não estava preparada. Quando uma mãe gera um filho, ela corre riscos, sim; a formação de um bebe é como uma matemática, é uma ciência exata, e qualquer erro pode acarretar problemas ao nenem. Então, mesmo após fazer todos os exames, para minha surpresa o ARTHUR nasceu DOWN e com outros probleminhas que graças a Deus tem sido contornados.
Foi um período difícil, eu jurei pra mim mesma que não queria mais ter filhos, porém o AMOR mais uma vez falou mais alto.
Após inumeras conversas com especialistas, eu decidi engravidar novamente, eu queria dar um irmãozinho (a) ao ARTHUR, para que ele tivesse um estímulo maior. Todos dizem que quando se tem contato com outras crianças o desenvolvimento é bem mais rapido. Porém o ARTHUR ja estava com mais de 01 ano e nada de eu engravidar, ja tinha até esquecido, quando para minha surpresa, em outrubro descobri que estava grávida.
Que felicidade! Nossa! Eu pensei: Deus me mandou outro no tempo certo, vai nascer quando o ARTHUR completar 02 aninhos e eu vou parar de trabalhar, terminar a faculdade e vou poder dar atenção aos dois. Mágico! É Deus agindo em minha vida! Tentei controlar meus sentimentos, minha ansiedade, nem pensei na hipótese de conceber outro filho "especial", coloquei nas mãos de Deus. Estava tudo caminhando bem, até que no dia 04/12/2013, ao fazer a "Translucencia Nucal", a Drª falou: - Não tenho boas notícias, seu bebe não tem batimentos cardíacos! - Eu perguntei: A Srª tem certeza? Ela passou mais 25 minutos me examinando e me mostrando que o que ela estava falando infelizmente era verdade.
Meu mundo caiu! Meu Deus eu estava a mais ou menos uma semana com um bebe morto dentro de mim. O que eu poderia ter feito de errado? Porque aconteceu isto? Porque o coração dele parou de bater? Será que eu ja estou muito velha para gerar uma vida? Será que ele tinha mal formações? Eu me desesperei! Chorava intensamente, sai da sala arrasada, liguei para o meu esposo e pedi a ele para me levar ao Hospital. Dentro do carro os dois em silêncio, só as lágrimas e os soluços se faziam presentes.
No hospital mais sofrimento, ficar ao lado de mulheres que estavam ali para ter seus bebes, enquanto eu estava tomando medicamentos para expulsá-lo, como se ele fosse um corpo estranho dentro de mim... Como eu poderia deixar parte de mim em um vaso sanitário? Meu Deus por quê?! Por que tinha que ser desta forma. Após tres dias internada, repeti a ultra e a Drª me falou: - Não tem nada que possa ser considerado um bebe no seu útero, apenas resíduos, é preciso fazer uma curetagem para evitar uma infecção.
Dor... Dor que não existe palavras que possa descrever.... Dor feita de silêncio... Muitas perguntas... Nenhuma resposta...
Mixer de sentimentos: A perda da Mayte, o problema do ARTHUR, a perda do meu bebe (03 meses de gestação), para muitos era só um feto... Pra mim era um filho, um bebe querido e planejado.
Agora eu tenho uma idéia do que é perder um filho ainda no ventre... É muito, muito triste... Sensação de impotencia e incapacidade. A Gravidez existe para gerar vida, mas muitas vidas acabam antes de mesmo de nascer.