Sabe, ultimamente tenho lido
diversos depoimentos de pessoas enlutadas, estas pessoas tentam em meio a dor,
de alguma forma; expressar os seus sentimentos que em muitos casos não são
respeitados por seus familiares e amigos.
Quando perdemos um ente querido,
parece que alguém arrancou um pedaço de nós... Custa-nos acreditar que uma
parte de nós morreu... Logo nos primeiros dias, visualizamos cenas da vida que
compartilhamos juntos, podemos ouvir a sua voz, sentir o seu cheiro, mas quando
procuramos encontramos somente um vazio, um silêncio profundo, este silêncio só
não cala a voz que vem do coração, uma voz que diz que ainda que o tempo passe
será impossível esquecer a pessoa que mais amamos.
O tempo passa, mas não modifica
os sentimentos, e então percebemos que restou apenas: “VOCÊ e a DOR”. Não temos
mais com quem conversar, simplesmente porque as pessoas não estão mais
interessadas em ouvir. Poderiam até se esforçar, mas depois de algum tempo,
reagem e exigem que voltemos ao “NORMAL”, como se pudéssemos voltar ao
“NORMAL”. Sinto muito, não sabemos mais o que é “NORMAL”.
Pra dizer a verdade, não sabemos
mais como se comportar, nos sentimos constrangidos em festas, em encontros de
família, não sabemos como se aproximar das pessoas, nos sentimos deslocados,
não temos mais vontade de fazer as mesmas coisas ou de freqüentar os mesmos lugares
de antes.
Precisamos de tempo, mais do que
isso: é preciso que respeitem o nosso tempo, é preciso que as pessoas entendam
que nosso mundo virou de cabeça pra baixo.
Não precisamos de gente que acha
que sabe como nos sentimos ou que imagina saber do que precisamos, nem daquelas
pessoas que acha que sabe o que eu preciso ouvir para me sentir melhor. Podem
ter certeza, que não há pessoa no mundo que deseje mais do que eu por fim
nesses altos e baixos.
Ás vezes precisamos apenas de
companhia, outras vezes apenas que nos ouçam, em muitos momentos de oração. Mas
o que mais precisamos mesmos é de pessoas que ajam com amor. Perdemos uma parte
de nós, uma grande fonte de amor, ficou um vazio que jamais será preenchido,
restou apenas lembranças e muita saudade, saudade de momentos que jamais se
repetirão, saudades do que foi e do que poderia ter sido. Precisamos apenas de
pessoas que nos façam ver que não estamos sozinhos e que se importam com a
nossa dor.
Lígia de Aquino
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