Sempre sofri
com as despedidas, e justamente por isso tive que adestrar meus sentimentos
para que eles não me impedissem de partir, quando fosse preciso.
Fazer girar a roda da vida nem sempre é coisa fácil. Seguir em frente pode doer
demais na alma, se não estivermos preparados para abrir mão do que quer que a
própria vida exija, quase como um pagamento pela ousadia nossa de buscar um
rumo novo. Ou uma felicidade nova.
E a despedida é isso. Seja um lugar que deixamos para trás; seja alguém que
tenha que ficar enquanto seguimos. Pode ser duríssimo ter que partir.
E o que dizer quando nós é que ficamos? Quando um amigo querido, um amor ou um
irmão é que se vai, enquanto continuamos na mesma ordem natural dos dias, na
mesma sequência da rotina, nos mesmos lugares e horas de costume?
O que fazer com o lugar vazio que ficou? E como não sofrer com o susto que a
despedida traz, o susto já sabido, adivinhado e esperado, mas sempre um susto,
porque o instante em que nos abraçamos, em que juramos estar juntos em carne ou
em espírito é sempre um fim, quase como o último gole de café da xícara.
Sofro com as despedidas, mas já nos primeiros minutos da separação digo a mim
mesma que a maravilha da vida também está ali: a separação é a vida
acontecendo, mesmo que alguém tenha partido para outro país ou outro mundo,
porque o amor perdura e a lembrança eterniza. O laço afetivo está na mente e
bate no coração.
Se a vida segue acontecendo, está em nossas mãos deixar que o adeus seja
definitivo. O amor é que é para sempre.
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